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terça-feira, 21 de agosto de 2012

A vida





Sempre falo que gosto de continuar amiga dos meus ex,claro que não é sempre que isso é possível.Mas sou amiga de quase todos.
Entendo que alguns precisam de um tempo ou eu preciso de um tempo até que as coisas possam ter uma normalidade.

Já tinha bastante tempo que eu e o “brasileiro” (já falei dele em textos mais antigos) tínhamos terminado e evitei contato,apenas com eventuais telefonemas que eu atendia quase sempre irritada já que detesto telefone.

Esses dias andamos trocando mensagens e eu consegui rir e não perder minha pouca paciência,afinal não somos mais namorados e as coisas que me deixavam louca nele, hoje não fazem mais diferença.Acabei aceitando um convite para jantar. Ele sempre repetindo que só queria ser meu amigo e que não tinha cabimento eu não encontrar com ele.

Aceitei

Aceitei desde que ele pegasse meu cachorro que estava na veterinária do outro lado do mundo. Amigos são para essas coisas rsrs.

Ele como de costume levou horas para chegar e comecei a lembrar de um dos motivos pelo qual não continuei com ele.
Mas como já conhecia a peça jantei. Não somos mais namorados e tirando o fato de ele estar com meu cachorro,se ele se atrasasse uma ou cinco horas não fazia a menor diferença.

Mesmo já tendo jantado concordei em fazer companhia, ele tinha trazido meu cachorro e eu estava em missão de paz rs.

Menos de meia hora no restaurante e a missão de paz foi para a casa do cacete. Ele não parava de repetir o quanto me esforcei pouco para que tivesse dado certo e o quanto ele era paciente e eu uma bruxa .

Ele falava que perdoou um chifre e eu falava que perdoou porque quis.
Ele falava que eu não dava valor as coisas que ele tinha feito e eu falava das mentiras que ele tentava me fazer engolir.
Ele falava da vez que o atropelei e eu falava que só tinha feito porque ele chegou bêbado na minha yoga.
Ele falava das vezes que quebrei a moto dele e eu falava do quanto ele me tirava do sério e me fazia chegar a esse ponto.
Ele falava dos gritos ou das coisas que eu jogava em cima dele e eu tentava fazer com que ele lembrasse que eu não acordava um dia e resolvia gritar e quebrar coisas.

Ele tinha esse poder de despertar o pior de mim
Pelo visto ainda tem.

Larguei ele sozinho no restaurante e fui embora.

No caminho de casa a raiva foi dando lugar a uma tristeza. Não precisava ser assim. Triste também pela constatação de que nem amigos vamos poder ser. Já na porta do meu prédio, voltei e fiquei esperando por ele no meu carro , eu estava me sentindo culpada por falar as coisas que eu falei ,estava triste porque ele é um cara legal e ele tinha trazido meu cachorro né rs...
Algum tempo depois, vejo andando em direção ao carro que estava parado ao lado do meu,olhar triste,cabeça baixa e pronto...

Eu me sentindo agora mais culpada do que nunca saco.

Ficamos horas conversando no meio da rua. Ele chorava, falava que ainda gostava de mim, que tinha mudado e que agora tudo poderia ser diferente. Ele me perguntava o que faltava para sermos finalmente felizes juntos.

Eu ouvia.

Ouvia e enquanto ele repetia que "sabia" que eu ainda sentia algum amor por ele, eu tentava me convencer de que ele poderia ter razão.
Fiquei pensando em quantas pessoas ficam juntas por comodismo. Imaginei que talvez a paixão não seja assim alguma coisa tão importante e que ter a segurança de alguém que nos ama vale muito mais a pena.

Mas nada me convenceu. Nem as coisas que ele repetia e nem os meus devaneios de conformismo.

Se eu pudesse apertar um botão e escolher voltar a gostar dele, eu teria feito.Mas coração é um treco esquisito e não funciona assim.

A dor dele não era menor do que a minha por de alguma forma ser a causadora e por não poder fazer nada para mudar o que sinto nem o que ele estava sentindo.

Acho que foi ai que entendi algumas coisas.

Entendi que essa minha mania de querer continuar amiga de ex-namorado é um disfarce pela sensação de fracasso quando uma coisa não da certo.
Entendi que relações são como cristal, vamos fazendo pequenas rachaduras de magoas, de palavras duras e de falta de alegria. Falta de amor é igual à falta de alegria. Amar de menos quando recebemos amor de mais pode trazer muito problema no fim das contas.

Claro que todos os casais têm problemas,o que faz a diferença é o limite e a tolerância de cada um. Quanto cada um esta disposto a perder,a dar,a deixar de receber ou o quanto cada um esta disposto a abrir mão .

Duvido que seja uma mania só minha de em algum momento de carência ou nostalgia, lembrar dos bons momentos com pessoas que já foram importantes em nossas vidas.

Mas isso não é real,não mais.

Se tudo fosse feito só de momentos bons ou em uma visão mais neutra houvesse um equilíbrio entre os bons e os nem tão bons assim,não seria uma ex-relação.As pessoas tocam juntas quando as coisas tem equilíbrio e se faltou alguma coisa nessa relação em especial,foi o equilíbrio.
Nos magoamos muito, fiz coisas que não tem como consertar,aturei coisas, mas não “entubei” de verdade.

Não precisa ser nenhum gênio para saber que um namoro em que um atropela o outro, que facas voam entre outros objetos e que o coração esta sempre disparado, mas não é por paixão e sim por adrenalina, não tem a menor chance de dar certo uma vez. Duas então é caso para hospício.

Os momentos legais vão ficar para sempre,mas tem que ser em um lugar do passado que se lembra com carinho. Qualquer tentativa de reviver o que já passou é insanidade e burrice.

As pessoas mudam ou pior que isso,algumas não mudam nunca. Em qualquer situação olhar para trás é deixar de viver o presente e ter a chance de construir um futuro com o coração disparado só que dessa vez pela paixão e não pela adrenalina ruim. Temos um medo de largar o que já conhecemos por pior que seja o que conhecemos.

Não deveríamos ter.

Não existe nada mais desconfortável do que a zona de conforto. É como se fosse um lugar no meio do nada em que nada acontece de novo. Ficamos lá repetindo padrões, erros e até acertos, mas sempre repetindo.

A vida não é de repetições.A vida é de escolhas e de novidades. A vida é de tentar novas formas,de aprender novos caminhos.A vida é de se testar o que ainda não fizemos,de dizer o que não falamos. A vida de coração batendo,de olhos nos olhos,é de um fim de tarde lindo e de descobrir novos sabores.
A vida é de nos redescobrirmos.
A vida é de olhar para frente.
A vida é de ouvir musica boa ,de cantar com amigos e de dar longos mergulhos no mar.
A vida é de deixar o destino nos tocar e tentarmos não estragar tudo rs. É de almas dançando e de longas gargalhadas.
A vida é de renovação.

Guardemos com carinho o que já vivemos e vamos dar o nosso melhor em tudo que vier em tudo que estivermos vivendo agora.

Ps claro que essa minha tentativa de acelerar essa amizade foi mais uma armadilha do meu inferno astral, mas vou deixar meu inferno astral para o próximo texto.

Ps2 Vou me lembrar sempre dele com muitoooooo carinho,de todas as coisas boas que ele me fez.Mas ainda é cedo para sermos amigos.

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