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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Roteiro Helena Rubinstein









Eu já havia estado em Bali um ano antes.
Na primeira semana tive um surto com tanta confusão, parecia a Índia só que com perfume de incenso por toda a ilha.
Gritei muito, em 6 dias me mudei de hotel quatro vezes e o coitado do Rony alem de ter que agüentar minhas reclamações (acreditem sou boa nisso) ainda tinha que carregar minhas malas que não eram poucas e cresciam, já que entre um grito e outro eu parava para fazer um shopping ninguém é de ferro. Eu só corria para as agências de viagens e falava que queria ir para Mônaco ou Saint-Tropez ou qualquer outro lugar civilizado no mundo.
Mas acabamos nos encontrando e passei a amar aquele lugar. Chegando a adiar minha volta varias vezes e acabei ficando dois meses lá.
Todos os lugares que ia me lembrava das minhas filhas e de como eu queria mostrar esse lugar no mundo para elas.
As meninas já viajaram bastante comigo, mas queria mostrar uma coisa diferente desse roteiro Helena Rubinstein que todo mundo faz, Paris, Nova Iorque, Disney e Miami.
Queria dividir com elas as sensações que tive com cada nova descoberta e resolvi que no ano seguinte elas voltariam comigo.
Me organizei, com a ajuda de um ex-namorado que mora em Bali há alguns anos e que já mandou um e-mail me proibindo de falar o nome dele no Blog (heehhe tentador só pra dar uma irritada) aluguei uma casa linda, convenci a Constança a ir junto, malas prontas lá fomos nós.
O roteiro era uma romaria SP/Paris depois Paris/Doha e continuava Doha/Kuala Lampur e depois finalmente Depansar, foram mais de 30 horas de viajem com direito a tudo, era a primeira vez que as meninas faziam uma viagem de classe econômica (eu achava bom para elas e para meu bolso também rs).
Mariah teve desde gorduchos a indianos cheirando c Cury como companheiros de poltrona, Constança irritada por que queria fumar (fumou dentro do aeroporto de Paris no meio da esteira) Julia adorando tudo. E eu? Bom eu tomava meu rivotril e apagava matando de inveja elas e quem mais não conseguisse dormir.
Chegamos em Bali mortas, mas só o ar morno no aeroporto já me fazia sentir melhor.
Todos adoraram a casa.
Vocês sabem que assim como nas relações tudo é festa no inicio e não foi diferente com nossa nova casa, os banheiros tinham o teto aberto, lindo tomar banho olhando as estrelas. Lindo por três dias.Depois começaram as paranóias, bichos estranhos que faziam barulhos na moita que tinha para enfeitar os banheiros, paranóia de ser vista e a minha maior e de sempre os morcegos.
Fui aos poucos mostrando o por que de eu ter me apaixonado por essa ilha como nunca fui por nenhum outro lugar no mundo.
Enquanto Constança se enfiava em computadores, ela tinha que se manter conectada com esse lado do mundo, nós ficávamos em uma loja de sucos onde usávamos o lap top enquanto as balinesas faziam massagens nos nossos pés. Não poderia ser melhor.
Praias maravilhosas, água morna, areia branca tudo perfeito a noite íamos fazer compras antes claro passávamos no Spa para uma massagem.
Lembrei de um spa que eu ia sempre no outro ano e lá fomos nós, tudo ia bem até que Constança viu um rato to tamanho de um gato andando pelo teto, mais uma gritaria e nunca mais voltamos la.
Como diria meu ex-inominável rsrsrs “a ignorância é uma dádiva”.
Tivemos de tudo no início já que éramos três mulheres (fora minhas múltiplas personalidades) e um homem (que cá pra nós também tinha lá seus momentos bipolares) e assim foi um aprendizado, brigas, discussões até para se resolver para onde iríamos essas coisas de quando você não está sozinho e pode escolher sem se preocupar em agradar a todos.
Tudo foi muito especial, ver os olhos da Mariah no aeroporto de Dora olhando para os homens de turbantes e achando que todos eram Sheiks, Constança vendo milhares de possibilidades brilhantes de fazer grandes negócios e Maria Julia que amava tudo desde catar estrelas do mar no final da tarde ate comer o camarão predileto dela na praia.
Adoraria contar cada detalhe do que vivemos, mas vocês iriam parar de ler, melhor deixar para um possível próximo livro.
Quero chegar no lugar que senti que consegui mostrar para as meninas que viajem poderia ser muita mais rica do que fazer compras, falo senti por que não foi uma coisa que eu tenha só visto com meus olhos, senti com meu coração.
Resolvemos ir para Lombok uma outra ilha próxima a Bali e foi assim que tudo começou.
Tínhamos que pegar um ferry Boat, tudo bem achei que era alguma coisa tipo ir ate a ilha do governador de barca apesar de nunca ter feito isso, todo mundo faz então não poderia ser tão ruim.
Mas era.
Era bem pior do que qualquer coisa que minha imaginação fértil conseguisse pensar.
Milhares de caminhões, só homens (caminhoneiros) muçulmanos e nosso carro lá bem pequeno parecendo que seria esmagado por todos os caminhões a nossa volta. Mariah chorava, Julia também e eu gritava que queria sair de lá o mais rápido possível.
Ok meu ex INOMINAVEL com toda paciência do mundo e olha que definitivamente, paciência nunca foi o forte dele,nos tirou de lá.
Fui chorando irritada pela estrada, pedi para parar o carro, andei de um lado pro outro enquanto tentava tomar coragem para voltar e encarar isso.
Ele tinha dito que muitas amigas dele faziam essas viagens sozinhas, até hoje não acredito nisso e se for verdade acho que devem ser todas umas loucas, o fato é que da mesma forma que já disse para vocês que não lido bem com a palavra NÃO, também não gosto de ser comparada e se elas podiam eu também poderia.
Voltei para o carro e resolvi que iríamos voltar e fazer essas seis horas, não éramos mulherzinhas e sim três mulheres e eu por já ter passado tanta coisa na vida não ia me intimidar com uns muçulmanos que nos olhavam como se estivéssemos sem roupa, muito menos com caminhões e um lugar imundo.
Mais uma vez voltamos para o lugar onde tínhamos que esperar, Mariah cismou que tinha que ir ao banheiro, e o INOMINAVEL tinha dito que lá o banheiro era um horror.
Em Bali por todos os lugares se encontra uma barraquinha onde se vende uma comida que nunca provei tipo um “PF” e nesse lugar que estávamos também tinha uma dessas, só que com um restaurante no fundo. Lá foi Mariah que voltou com a cara assustada quando descobriu que o banheiro era no meio, isso mesmo não era ao lado, nem na frente, era no meio da cozinha (vale lembrar que por lá eles não têm habito de usar papel higiênico e que muitos banheiros são um buraco no chão).Mas horror mesmo foi à cara dela depois que viu andando livremente por cima das comidas da tal barraquinha um rato, outra gritaria.
Achamos um lugar no alto em uma varanda, colocamos no chão com uma canga e ficamos de frente para uma lua cheia igual a de um filme.
Seis horas depois estávamos vivas e tínhamos que pegar o carro por mais varias horas para finalmente chegar ao local onde tinha o hotel que eu queria levar as meninas.
Imagina depois de horas de horror quando chegamos em um hotel na areia da praia com um mega café da manha, quartos lindos e limpos, estávamos no paraíso.
Tivemos um dia perfeito com sol, conforto e relaxados, claro até as meninas ouvirem um som estranho no teto do quarto delas e descobrirmos que havia ali uma cobra. Nada é perfeito
Ficamos alguns dias lá, mas como a diária não era das mais baratas e ainda não tínhamos chegado no nosso destino final, fomos na ultima noite em lombok para um hotel mais simples afinal seria só uma noite.Tudo bem
Conseguimos um único quarto.Eu devia estar com meu espírito aventureiro no máximo (isso por que eu não sabia o que ainda viria pela frente), chegamos tarde lá e o balines simpático veio nos trazer toalhas, pena que junto com ele, mais especificamente no ombro, veio também uma barata do tamanho de uma lagosta, mais uma gritaria e acordamos o hotel inteiro.
No outro dia partimos para o lugar que havíamos programado, mais horas de carro e quando chegamos descobrimos que o barco que nos levariam a outra ilha só sairia no outro dia, tudooooooo bem lá fomos nós para outro hotel.
Uma coisa que já estava virando normal era chegar em um hotel e perguntar se tinha água quente, já que muitos hotéis lá não possuem esse “luxo”, para nossa sorte esse também tinha, banho quente e sapos, muitos sapos.
Na hora do jantar ficou claro, um cardápio inteiro com variedades de sapos, não eram rãns, eram sapos, verdes e grandes dos que você acredita que se beijar vira príncipe.
Fora que o hotel era assombrado, mas não vou me estender.
Dia seguinte pegamos o tal barquinho e fomos rumo ao paraíso, algo estava estranho às pessoas só levavam mochilas e nos tínhamos pranchas (o mar era uma lagoa) e malas rosas e enormes.Lá na ilha mais uma surprezinha, não havia carro e o único meio de transporte era charrete ou a pé.
Dei logo um ataque imagina se alêm das malas super pesadas o pobre do cavalo ainda ia ter que nos levar, nem morta.Fomos à pe, enquanto nossas malas rosas, junto com pranchas seguiam em busca de um hotel.
Depois de varias tentativas finalmente achamos um hotel, era lindo tipo um chalé de palha, estava morta e resolvi que já chegava de andar, iríamos ficar por lá mesmo.
Assim que entramos descobrimos que nosso velho conhecido banheiro sem teto havia voltado para nossas vidas
Nunca digam que nada pode piorar, por que pode. Não tínhamos água doce normal dessas que o cabelo sai macio e sim água salobra, com cheiro ruim e deixando a sensação de estar melada.
O chão era feito de tabuas, tudo bem se pelo menos elas fossem grudadas, mas não. Elas tinham espaços do tamanho de dois dedos e dava para ver o chão de areia.
As paredes de palha trançadas deixando espaço para qualquer bicho entrar foram o bastante.
Resolvemos que já que eram essas as condições, então iríamos dormir na praia,pelo menos a primeira noite para tentar entrar no clima .
Sempre tive talento para modificar situações e tivemos uma noite linda na beira do mar, olhando um céu lotado de estrelas e foi a primeira vez que as meninas dormiam na praia.
Não era na areia, mas em cima de umas coisas que eu chamava de surubão, mesmo lugar em que comíamos também.
Ficamos nessa ilha uma semana, fizemos mergulho, vimos tartarugas, peixes das cores mais variadas, mergulhávamos de mãos dadas vendo aquele mundo paralelo cheio de cores. Comíamos na praia peixes frescos, tirávamos fotografias com mêdo de que a memória deixasse algum detalhe escapar, rimos, nos emocionamos e ate acostumamos com a água e com as tábuas.
Houve uma noite em que tinha uma festa dos “cogumelos mágicos” uma ilha toda doida e nós claro não participamos. Eu não uso mais drogas e é só por isso que consigo ter momentos tão especiais.
Voltamos de lá e eu me senti tendo conseguido fazer a coisa certa, foram momentos maravilhosos, mostrei para elas e descobri também, já que nessa ilha eu nunca tinha ido.
Aprendemos a enfrentar nossas frescuras ocidentais, valorizamos coisas que antes nem notávamos, ficamos mais próximas, me senti com o coração pleno por ter participado com elas dessa nova experiência.
Uma das coisas que eu queria que elas descobrissem, é que é possível fazer uma viagem sem comprar nada e se divertir muito, que a vida é rica por si só podemos encontrar beleza e alegria na simplicidade.
E acho que consegui


Ps 1- As melhores coisas das viagens não trazemos nas malas, mas ficam guardadas para sempre.


Ps 2- Viram como estou menos transgressora e não falei o nome do ex-inominável ate o fim? Hahahahahahahha

9 comentários:

  1. Esse inominável ficou sequelado...naõ sei qual post consegue ser mais engraçado...rindo muitooooooooo!!!

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  2. Constanca Teixeira de Freitas29 de agosto de 2009 às 16:03

    Nenem & Ratao foram pra o Paraiso rsrsr
    Soh agora fiquei sabendo da barata, cobra, banheiro da cozinha etc
    ahhhhhhhhhhhhh eu tinha certeza que um aviao seria mais facil.


    P.S: Roteiro Helena Rubinstein em Disney??? Pro Mickey?
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. Muito engraçado!
    Pobre ex-inominável!
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    :D
    PS: Adorei o livro! Já recomendei para todos os meus amigos!
    Beijo
    Isabel Cunha

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  4. Ana, sua vida é bem mais divertida hoje em dia, né? Mesmo sem as grandes confusões por causa de drogas: você vive com muito bom humor!
    Fico feliz em saber que a relação com suas filhas foi recuperada!
    Adorei o blog!
    Estou rindo até!
    Joana

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  5. Ex inominável:
    E não é que vc conseguiu?!..........rsrs..........parabéns neném, sou obrigado a reconhecer que vc soube expor da melhor maneira o que a gente passou...
    Bjos roedores............kkkkkkkkkkkkkkkk

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  6. Ex-inominável:
    Aproveitando pra esclarecer uma coisa, não fiquei sequelado, nasci assim....é defeito de fabricação mesmo!!! kkkkkkkkkkkkkkkk
    A viagem dos "dinguinhos" kkkkkkkkkkkkkkkkk

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  7. Constança por pouco n disse quem era, o apelido ela já soltou, bocuda, depois fala de mim. rsrsrs Vc faz sua descrição de maneira clara e objetiva, a gente parece viajar com vc. Se sente no ambiente. Até o gosto de camarão esturricado eu senti.rsrsrs Parabéns, continue assim "jovem" escritora.
    Beijoca

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  8. Mariiiida, por mta insistência eu cheguei...aff Vc sabe o qto eu n tenho saco pra esses longos textos 'egotrip'. Alem do mais eu sei ou participei de mtas dessas histórias...
    OK! Tá bem legal! Boas fotos e vc escreve direitinho...hehehe Agora vê se põe aí nosso fim de semana sendo servidas pelos respectivos 'gatos borralheiros'...kkkk

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  9. a vida é simples, nós é que complicamos

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